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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Obra enterrada até cego vê

Édi Prado

A velhice incomoda, preocupa e mete medo. Mas não é a velhice cronológica. Aquela contada ano a ano, a que estou me referindo. É da caduquice mental. Do bloqueio cerebral, que corrói todas as fibras e células que permitem o ser humano a pensar e a repensar as idéias. Existem velhos de 14 anos e jovens de 90. Tem gente que passa vida sem descobrir a juventude das idéias. Existem frases repetidas e por isso imortalizadas, sem análise, sem compreender o sentido e a intenção delas. É comum ouvir de políticos velhos, frases enferrujadas do tipo: Água encanada e esgoto sanitário são obras escondidas que ninguém vê. Não dá voto.
Mas como ninguém vê se pela manhã ao abrir o chuveiro, a água lava o corpo e reanima a alma? A água está na cara e só não vê porque está de olho fechado. Mas sente-a. Nem precisa vê ao escovar os dentes e fazer a barba. Basta um simples torcer na torneira e eis que a água jorra como por milagre dentro da sua casa. Da sua, sim. Da minha e de todos que a tem. E às vezes antes do banho ou após, quando saímos do vaso sanitário, uma simples cordinha ou o leve toque num botão de descarga, lá se vai toda a sujeira pelo esgoto afora. E ninguém vê? Mas ouve e não incomoda as narinas.
A enterrada obra ninguém ver? Só não vê quem é muito desatento. Porque ela está na sua cara, no seu corpo, no piso molhado, trazendo conforto para a sua família. Só não ver o político velho, que poderia triplicar o voto através da satisfação e o conforto de todos os beneficiários dessa obra enterrada. Vale ressaltar que este benefício é o bem mais bem visto por todos, porque todos precisamos de água e esgoto.
O que não é bem visto e irrita os usuários é entrar no banheiro e não ter água. Dar descarga e não ouvir barulho da água levando para o esgoto enterrado, a sujeira nossa de cada dia. Ir cozinhar e ter que ir ao poço da vizinha pedir para encher uma lata d água. Isso sim, não dá voto. Mas gera insatisfação.
Também só enterrar os canos e não suprir esses canos com água e deixar os esgotos sem a função de esgotar, isso também não dá voto. O poço artesiano é uma solução paliativa e muitas vezes individual. Só que nem todo mundo pode ter um. Aí mesmo é que não dá voto.
Creio que o governador Waldez como jovem-político-jovem compreendeu isso ao priorizar boa parte dos R$120 milhões, oriundos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) para priorizar este setor de água e esgoto na capital, que hoje se encontra na última escala nacional, em termos de infra-estrutura básica e essencial.
Pode ser que este governo inaugure também um novo tempo em termos de prioridade de visão política. Não só as obras visuais lembram o gestor. As essenciais também, como as obras enterradas, que estão na cara de todo mundo e afeta o coração quando falta. Que este seja o marco que vai lavar a alma e o corpo de todos que anseiam por este serviço, que vem chegar com atraso, mas vem. Um atraso de mais de 50 anos.

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