Édi Prado 10.10.07
"Demitido", gerúndio ganha
apoio de lingüistas portugueses
Lisboa - A decisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, de limitar o uso do gerúndio, por ser uma forma verbal associada à ineficiência, é considerada por lingüistas portugueses como unicamente política, já que é uma construção verbal existente no português.
Por decreto, publicado no diário oficial do distrito nesta segunda-feira (1º), o governador "demite" o gerúndio de todos os órgãos do governo. Arruda alegou que perdeu a paciência com alguns assessores que estão sempre "fazendo, providenciando, estudando, preparando, encaminhando", mas nunca concluem um trabalho ou estabelecem um prazo para a sua finalização.
José Mário Costa, jornalista e responsável pelo site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, disse que a medida adotada só pode ser vista como "simbólica" e com "piada".
Também a professora e lingüista Regina Rocha, do Ciberdúvidas, considera que o decreto só é válido num contexto político. "O gerúndio é uma forma verbal que sugere duração e prolongamento da ação" e é uma "construção que vem do português antigo", acrescentou.
InfinitivoOs dois especialistas recordam que em Portugal o gerúndio caiu em desuso, utilizando-se, em seu lugar, o infinitivo: em vez de "estou fazendo", se usa, no país europeu, a construção "estou a fazer".
Regina Rocha esclareceu que a própria fonética dos verbos conjugados no gerúndio transmite a idéia de prolongamento, dado que têm mais sílabas.
Sobre a idéia do governador brasileiro, José Mário Costa defendeu a existência de orientações do ponto de vista ortográfico a serem seguidas, principalmente pelas entidades públicas, jornais e televisões.
E agora seu Gerúndio? Depois de tantos anos servindo à Pátria com extremo rigor, é demitido assim, sem aviso prévio? E o pessoal que é tão apegado a você, como é que fica? Os inconsoláveis órfãos, vão pedir ao Congresso Nacional que desconsidere tão absurdo Decreto. Onde já se viu mudar comportamento, atitude, tradição que há séculos vêm dominando os setores dos governos federal, estadual, municipal e autarquias públicas?
Isso não vai ficar assim. Como prova desse apego e como forma de protesto, os servidores público do País, ao invés de estarem fazendo, providenciando, estudando, analisando, preparando, elaborando, concluindo, eles vão deixar de gerundar. Vão descansar e providenciar férias coletivas. Aí fica tudo engavetado esperando o governador de Brasília continuar ressacado para pedir a ele juntar-se a esses discriminados servidores. O povo ao invés de ficar esperando, vai deixar de esperar e fica esperneando, para que o governador, ao invés de ficar publicando decreto, debatendo polêmico assunto até em Portugal, comece ele mesmo a dar exemplo e vá trabalhar, concluir e cumprir as promessas de campanha.
Se decretos e leis resolvessem alguma coisa nesse País, a Suíça, o Japão e a China, teriam muito que aprender com o Brasil. Vá se catar, governador.
"Demitido", gerúndio ganha
apoio de lingüistas portugueses
Lisboa - A decisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, de limitar o uso do gerúndio, por ser uma forma verbal associada à ineficiência, é considerada por lingüistas portugueses como unicamente política, já que é uma construção verbal existente no português.
Por decreto, publicado no diário oficial do distrito nesta segunda-feira (1º), o governador "demite" o gerúndio de todos os órgãos do governo. Arruda alegou que perdeu a paciência com alguns assessores que estão sempre "fazendo, providenciando, estudando, preparando, encaminhando", mas nunca concluem um trabalho ou estabelecem um prazo para a sua finalização.
José Mário Costa, jornalista e responsável pelo site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, disse que a medida adotada só pode ser vista como "simbólica" e com "piada".
Também a professora e lingüista Regina Rocha, do Ciberdúvidas, considera que o decreto só é válido num contexto político. "O gerúndio é uma forma verbal que sugere duração e prolongamento da ação" e é uma "construção que vem do português antigo", acrescentou.
InfinitivoOs dois especialistas recordam que em Portugal o gerúndio caiu em desuso, utilizando-se, em seu lugar, o infinitivo: em vez de "estou fazendo", se usa, no país europeu, a construção "estou a fazer".
Regina Rocha esclareceu que a própria fonética dos verbos conjugados no gerúndio transmite a idéia de prolongamento, dado que têm mais sílabas.
Sobre a idéia do governador brasileiro, José Mário Costa defendeu a existência de orientações do ponto de vista ortográfico a serem seguidas, principalmente pelas entidades públicas, jornais e televisões.
E agora seu Gerúndio? Depois de tantos anos servindo à Pátria com extremo rigor, é demitido assim, sem aviso prévio? E o pessoal que é tão apegado a você, como é que fica? Os inconsoláveis órfãos, vão pedir ao Congresso Nacional que desconsidere tão absurdo Decreto. Onde já se viu mudar comportamento, atitude, tradição que há séculos vêm dominando os setores dos governos federal, estadual, municipal e autarquias públicas?
Isso não vai ficar assim. Como prova desse apego e como forma de protesto, os servidores público do País, ao invés de estarem fazendo, providenciando, estudando, analisando, preparando, elaborando, concluindo, eles vão deixar de gerundar. Vão descansar e providenciar férias coletivas. Aí fica tudo engavetado esperando o governador de Brasília continuar ressacado para pedir a ele juntar-se a esses discriminados servidores. O povo ao invés de ficar esperando, vai deixar de esperar e fica esperneando, para que o governador, ao invés de ficar publicando decreto, debatendo polêmico assunto até em Portugal, comece ele mesmo a dar exemplo e vá trabalhar, concluir e cumprir as promessas de campanha.
Se decretos e leis resolvessem alguma coisa nesse País, a Suíça, o Japão e a China, teriam muito que aprender com o Brasil. Vá se catar, governador.
Até criticando acabamos usando o gerúndio.
Quinta-feira, 04 de outubro de 2007Edição 255
03/10 - UOL EDUCAÇÃO
Quinta-feira, 04 de outubro de 2007Edição 255
03/10 - UOL EDUCAÇÃO
Um comentário:
Fala Jara!
Td beleza?
Muito contente fiquei de te achar aqui pela net. Muito bom saber q está com trabalhando com comunicação.
Qualquer dia que eu for em Macapá procurarei vc.
Um abraço saudoso,
Amsterdan Saab
Postar um comentário